Esse post não deveria estar aqui, mas senti vontade de expor meus pensamentos. Não pelo tão desejado feedback, pois não espero mais que dois comentários. Mas eu não queria que isso ficasse escondido por talvez a eternidade em meu diário pessoal.
Parte da minha reflexão diária se dá no transporte público (é um lugar que eu não posso conectar meu notebook ou escrever no meu caderno, logo minha obrigatoriedades desaparecem quando eu estou dentro de algum coletivo). Eu observo desconhecidos, e vejo neles os meus conhecidos e suas ações, muitas vezes falhas, essas existindo apenas por simples falta de raciocínio lógico ou ausência da sensação convivência em sociedade.
Atos como não abrir espaço, não dar lugar para uma velhinha, dar lugar para alguma velhinha e ela não te agradecer, homem só segurando bolsa de mulher semi-nua (se você sairá de mochila pesada, decotes te garantem uma viagem melhor, fica a dica), todo o jogo que acontece em completo silêncio, ou em gestos e em palavras sussurradas dão margem pra um milhão de alegorias dentro da minha mente.
Uma pessoa que sobe depois de você no ônibus, mas está próximo de alguém que levantou merece sentar, ou deveria existir algo como uma entrega de senhas? Uma senhora que senta em lugares não preferenciais faz automaticamente um lugar preferencial aberto pra qualquer um sentar? Gente que entra por trás, de graça, tem que ir em pé?
Ás vezes penso que é dom, mas na maioria das vezes eu creio que a minha adorada observação vem apenas do fato que tudo que eu tenho nessa vida eu pago de alguma forma: Boa educação? Pessoas difíceis de conviver. Computador bom, internet rápida? Poucas roupas. Conforto? Faxina. Preguiça? Não teve namorado, nem nunca vai ter.
Fiquei muito feliz que finalmente o Vini entendeu meu ódio pelas pessoas que eu estudo. Gente egoísta, mesquinha, pagando de "de bem com a vida" mas sempre passando por cima de alguém. A pessoa tem empregada, roupas de marca, viagens internacionais pelo menos 2 vezes ao ano e em seu primeiro estágio, que conseguiu em sua primeira entrevista e cuja remuneração era 3 vezes maior que a minha sem contar benefícios, não é o tipo de pessoa que me consegue me arrancar um bom dia.Principalmente por ela ter acordado meia hora antes, estar de óculos escuro, muito perfume e um café de 6 reais na mão. E eu acordada há 3 horas, camiseta do Pikachu e meu combo coxinha e café de 2.50 do metrô.
Mas isso é apenas um exemplo do meu dia a dia.Imagino quantas empregadas, porteiros, motoristas, babás, professoras de primário a pós que não conseguem mais lidar com suas vidas pisoteados por essas pessoas durante horas por dia.Todos nós de manhã, no ônibus, com seus olhares vazios pra rua, pensando desculpas para faltar naquele dia e observando atentamente a velhinha marota, que não sentou no lugar sinalizado pra ela, por que seu cabelo Fátima Bernardes estava recém pintado de acaju e não aparentava mais estar na terceira idade.Assim como aquelas pessoas em nossas vidas que não se contentam em ficar no seu assento reservado na realeza, e sempre arrumam alguma forma de estragar nosso dia.
3 comentários:
Acho que eu flutuo entre os dois extremos...
Mas enfim, ótimo texto, Pri.
A sua teoria de que tudo que voc~e tem você paga de alguma forma vai me fazer pensar a semana toda.
Muito boa a sua observação. Não acredito que essas pessoas paguem pelos seus benefícios, elas tem recursos o suficiente para evitar a maioria dos transtornos, talvez não por saúde ou morte inesperada.
viajei. mas concordo com tudo.
Postar um comentário